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Vista de antigo teatro na
Grécia - Antiga cidade de
Epidauro (360-350 a.C.).
Teatro, do grego θέατρον (théatron), é uma forma de arte em que um ator ou conjunto de atores, interpreta uma história ou atividades para o público em um determinado lugar. Com o auxílio de dramaturgos ou de situações improvisadas, dediretores e técnicos, o espetáculo tem como objetivo apresentar uma situação e despertar sentimentos no público. Também denomina-se teatro o edifício onde se desenvolve esta forma de arte, podendo também ser local de apresentações para a dança, recitais, etc.
O termo teatro e seus significados
Segundo a Enciclopédia Britannica, a palavra teatro deriva do grego theaomai1 (θεάομαι) - olhar com atenção, perceber, contemplar (1990, vol. 28:515). Theaomai não significa ver no sentido comum, mas sim ter uma experiência intensa, envolvente, meditativa, inquiridora, a fim de descobrir o significado mais profundo; uma cuidadosa e deliberada visão que interpreta seu objeto (Theological Dictionary of the New Testament vol.5:pg.315,706)
O teatro, mais do que ser um local público onde se vê, é o lugar condensado da vivência das ambiguidades e paradoxos, onde as coisas são tomadas em mais de uma forma ou sentido.Robson Camargo assim o define (2005:1):
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O vocábulo grego Théatron (θέατρον) estabelece o lugar físico do espectador, "lugar onde se vai para ver" e onde, simultaneamente, acontece o drama como seu complemento visto, real e imaginário. Assim, o representado no palco é imaginado de outras formas pela plateia. Toda reflexão que tenha o drama como objeto precisa se apoiar numa tríade teatral: quem vê, o que se vê, e o imaginado. O teatro é um fenômeno que existe nos espaços do presente e do imaginário, nos tempos individuais e coletivos que se formam neste espaço" ("O Espetáculo do Melodrama"). |
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Jaco Guinsburg por sua vez, descreve a expressão cênica como formada por uma "tríade básica - atuante, texto e público", sem a qual o teatro não teria existência (1980:5). Atuantes não são apenas os atores, podendo ser objetos (como no teatro de bonecos) ou outras formas ou funções atuantes (animais ou coisas); o texto, por outro lado, não é apenas o texto escrito ou o falado no palco, pois o teatro não é uma arte literária ou, como afirma Marco de Marinis (1982), no teatro há um texto espetacular. Greimas em seu estudo da narratologia usa o termoactante em vez de atuante, para definir este primeiro elemento que desenvolve a narração (Greimas, A. J. y Courtes, J., 1990). (Actante em: Semiótica. Diccionario razonado de la teoría del lenguaje. Madrid: Gredos).
Aristóteles e a importância do espetáculo na Tragédia
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Aristóteles, ao final de sua Poética, escrita entre 335 e 323 AC, aponta que a tragédia pode ser lida, e, mesmo assim, sem ter o movimento da cena (gestos, etc), sem ser apresentada ao vivo, terá seu efeito sobre o leitor, igualando-se assim a Epopeia na forma lida. Entretanto, por possuir componentes extras, a música e o espetáculo, aTragédia, segundo Aristóteles, torna-se superior a Epopeia, pois contém "todos os elementos da epopeia" e, além disso, contém o que não é pouco, a melopeia (música) e o espetáculo cênico. Ambos acrescem a intensidade dos prazeres e são próprios da tragédia. (trad. Eudoro de Souza, Os Pensadores, 1462a,p. 268.). O teatro também, ainda segundo Aristóteles, além da vantagem de "ter evidência representativa quer na leitura, quer na cena", possui poder de síntese, pois nele "resulta mais grato o condensado que o difuso por largo tempo" (trad. Eudoro de Souza, Os Pensadores, 1462b,p. 269.) |
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Natya Shastra - (Nātyaśāstra नाट्य शास्त्र), junto com a Poética de Aristóteles, é um dos mais antigos textos sobre o teatro, o trabalho do ator, a produção de espetáculo e a dramaturgia clássica da Índia. Seus escritos descrevem a dança e a música clássica da Índia, que são partes fundantes do teatro nesta cultura. Foi escrito provavelmente entre os séculos 200 antes de Cristo e 200 da era cristã. Bharatamuni seria o autor do tratado, Bharata, significa 'ator', Bharatamuni pode ser traduzido como o sábio Bharata ou o ator sábio (Mota, 2006)
Origens da arte teatral
Existem várias teorias sobre a origem do teatro. Segundo Oscar G. Brockett, nenhuma delas pode ser comprovada, pois existem poucas evidências e mais especulações. Antropólogos ao final do século XIX e no início do XX, elaboraram a hipótese de que este teria surgido a partir dos rituais primitivos (History of Theatre. Allyn e Bacon 1995 pg. 1). Outra hipótese seria o surgimento a partir da contação de histórias, ou se desenvolvido a partir de danças, jogos, imitações. Os rituais na história da humanidade começam por volta de 80.000 anos AC.
O primeiro evento com diálogos registrado foi uma apresentação anual de peças sagradas no Antigo Egito do mito de Osíris e Ísis, por volta de 2500 AC (Staton e Banham 1996 pg. 241), que conta a história da morte e ressurreição de Osíris e a coroação de Horus ( Brockett, pg. 9). A palavra 'teatro' e o conceito de teatro, como algo independente da religião, só surgiram na Grécia de Pisístrato (560-510a.C.), tirano ateniense que estabeleceu uma dinâmica de produção para a tragédia e que possibilitou o desenvolvimento das especificidades dessa modalidade. As representações mais conhecidas e a primeira teorização sobre teatro vieram dos antigos gregos, sendo a primeira obra escrita de que se tem notícia, a Poética de Aristóteles.
Aristóteles afirma que a tragédia surgiu de improvisações feitas pelos chefes dos ditirambos, um hino cantado e dançado em honra a Dioniso, o deus grego da fertilidade e do vinho. O ditirambo, como descreve Brockett, provavelmente consistia de uma história improvisada cantada pelo líder do coro e um refrão tradicional, cantado pelo coro. Este foi transformado em uma "composição literária" por Arion (625-585AC), o primeiro a registrar por escrito ditirambos e dar a eles títulos.
As formas teatrais orientais foram registradas por volta do ano 1000 AC, com o drama sânscrito do antigo teatro Indu. O que poderíamos considerar como 'teatro chinês' também data da mesma época, enquanto as formas teatrais japonesas Kabuki, Nô e Kyogen têm registros apenas no século XVII DC.
Grécia antiga
Gerald Else, importante helenista norte americano (1908-1982), considera que o teatro (drama) foi uma criação deliberada e não resultado de um processo evolutivo. Se os festivais gregos, antes de 534 a.C eram desempenhados por rapsodos, na forma oral, em 534 a.C Téspis junta os elementos orais destas festividades com o coro, para criar uma forma primitiva de drama que seria desenvolvida totalmente somente a partir de Ésquilo, com a adição de um segundo ator (Brockett, p. 16).
O primeiro diretor de coro conhecido foi Tespis, convidado pelo tirano Pisístrato oficialmente para dirigir a procissão de Atenas.2 Téspis desenvolveu o uso de máscaras para representar pois, em razão do grande número de participantes, era impossível todos escutarem os relatos, porém podiam visualizar o sentimento da cena pelas máscaras. O "coro" era composto pelos narradores da história, rapsodos que através de representação, canções e danças, relatavam as histórias do personagem. Ele era o intermediário entre o ator e o espectador, e trazia os pensamentos e sentimentos à tona, além de trazer também a conclusão da peça. Também podia haver o "Corifeu", que era um representante do coro que se comunicava com a plateia. Em uma dessas procissões, Téspis inova ao subir em um "tablado" (Thymele – altar), para responder ao coro, e assim, tornou-se o primeiro respondedor de coro (hypócrites), surgindo assim os diálogos.
Autores
- Os tragediógrafos
Muitas das tragédias gregas escritas se perderam e, na atualidade, são três os tragediógrafos conhecidos e considerados importantes: Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. As datas abaixo são aproximadas.
- Os comediógrafos
- Comediógrafos romanos da antiguidade
Teatro em Portugal
Frontispício do Auto de Inês Pereira, de Gil Vicente.
- Gil Vicente
(1465 – 1536?) É considerado o fundador do teatro português, no século XVI.
- António Ferreira
(Lisboa, 1528 – 1569) Estudou em Coimbra e também foi o discípulo mais famoso de Sá de Miranda, tendo sido um dos impulsionadores da culturarenascentista em Portugal. Escreveu em 1587 a primeira tragédia do classicismo renascentista português, Castro, inspirada nos amores de D. Pedro Ie D. Inês de Castro, traduzida para o inglês em 1597, e posteriormente, para o francês e o alemão.
- D. José, rei de Portugal
Após a morte de D. João V (em 1750), D. José inicia uma profunda reestruturação da política cultural. Para tal conta com o apoio de Sebastião de Carvalho e Mello entre outros. Os esforços comuns proporcionam a contratação dos melhores castrados, compositores e instrumentistas. Simultaneamente é contratada uma equipa encabeçada pelo arquitecto e cenógrafo bolonhês Giovanni Carlo Sicinio Galli Bibiena, que concebe entre 1752 e 1755 três teatros de corte em Portugal. O Teatro do Forte, igualmente denominado por Teatro da Sala do Embaixadores, e que estava localizado no Torreão erigido por Filippo Terzi no Palacio da Ribeira, tendo sido inaugurado em Setembro de 1752. O segundo dos teatros construídos pelo arquitecto Galli da Bibbiena foi o Teatro Real de Salvaterra de Magos, localizado no palácio real dessa vila ribatejana, tendo sido inaugurado a 21 de janeiro de 1753. Finalmente é inaugurado em Lisboa, a 31 de março de 1755, a Casa da Ópera (na continuação do Palácio da Ribeira), mais conhecido por Ópera do Tejo, por se situar junto ao rio do mesmo nome, num espaço entre os actuais Terreiro do Paço (Praça do Comércio) e Cais do Sodré. Seria a estrutura mais luxuosa e inovadora do género na Europa, que cairia totalmente por terra com o terrível Terramoto de 1755 e contando apenas sete meses de vida.
Teatro Nacional D. Maria II
- Almeida Garrett
(Porto, 1799 – Lisboa, 1854) Foi um proeminente escritor e dramaturgo romântico, que fundou o Conservatório Geral de Arte Dramática, edificou oTeatro Nacional D. Maria II em Lisboa e organizou a Inspecção-Geral dos Teatros, revolucionando por completo a política cultural portuguesa a partir de 1836, no rescaldo das Guerras Liberais. Frei Luís de Sousa é a sua obra maior.
- Outros
Já no século XX encontram-se grandes nomes da literatura portuguesa a escrever para teatro, como é o caso de Júlio Dantas, Raul Brandão e José Régio. Às portas da década de 1960, o contexto político fomentou uma nova literatura de intervenção, que se estendeu aos palcos através dos nomes de Bernardo Santareno, Luiz Francisco Rebello, José Cardoso Pires e Luís de Sttau Monteiro, que produziram grandes e intensas obras.
Neste momento existe em Portugal um teatro que se renova constantemente e que prima pela sua abundante diversidade, apesar do fraco investimento por parte do Ministério da Cultura e das fracas condições com que a maior parte dos artistas ainda trabalha. São vários os grupos que se têm destacado na cena contemporânea portuguesa: Casa Conveniente, Teatro Praga, Cão Solteiro, As Boas Raparigas, Teatro da Garagem, Teatro Meridional, Sensurround, Assédio e A Escola da Noite). Esses grupos têm renovado um panorama que até a década de 1990 era ainda dominado pelos encenadores carismáticos dos grupos independentes da década de 1970, como Luís Miguel Cintra(Teatro da Cornucópia), João Mota (Comuna - Teatro de Pesquisa), Jorge Silva Melo (Artistas Unidos) e Joaquim Benite (Companhia de Teatro de Almada), que são ainda detentores da maior parte dos subsídios atribuídos pelo Ministério da Cultura.
Destaca-se ainda as companhias de teatro que desenvolvem um trabalho de itinerância por todo o território do país, como são os casos do Teatro ACERT (Tondela), dos Cães à Solta (Castelo Branco),do Teatro da Serra do Montemuro (Castro Daire), o Grupo Cultural e Recreativo de Rossas (Arouca), Pim teatro (Évora), Urze-Teatro (Vila Real), Teatro das Beiras (Covilhã), Entretanto Teatro (Valongo), Teatro do Mar (Sines) entre outros. Estas companhias que trabalham com inúmeras dificuldades, em particular ao nível das condições técnicas, representam uma parte bastante reduzida do orçamento do Ministério da Cultura.
Com grande divulgação encontra-se o Festival Alkantara, Festival de Almada, FITEI (Porto), Festival Internacional de Teatro Cómico da Maia Maia e Citemor (Montemor-O-Velho), entre outros, que acolhem o que de melhor se faz em teatro em Portugal e no mundo inteiro.
Teatro no Brasil
O teatro no Brasil surgiu no século XVI, tendo como motivo a propagação da fé religiosa. Dentre uns poucos autores, destacou-se o padre José de Anchieta, que escreveu alguns autos (antiga composição teatral) que visavam a catequização dos indígenas, bem como a integração entreportugueses, índios e espanhóis.3 Exemplo disso é o Auto de São Lourenço, escrito em tupi-guarani, português e espanhol.
Um hiato de dois séculos separa a atividade teatral jesuítica da continuidade e desenvolvimento do teatro no Brasil. Isso porque, durante os séculosXVII e XVIII, o país esteve envolvido com seu processo de colonização (enquanto colónia de Portugal) e em batalhas de defesa do território colonial. Foi a transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808, que trouxe inegável progresso para o teatro, consolidado pelaIndependência, em 1822.
O ator João Caetano estimulou a formação dos atores brasileiros e valorizou o seu trabalho3 e formou, em 1833, uma companhia brasileira. Seu nome está vinculado a dois acontecimentos fundamentais da história da dramaturgia nacional: a estreia, em 13 de março de 1838, da peça Antônio José ou O Poeta e a Inquisição, de autoria de Gonçalves de Magalhães, a primeira tragédia escrita por um brasileiro e a única de assunto nacional; e, em 4 de outubro de 1838, a estreia da peça O Juiz de Paz na Roça, de autoria de Martins Pena, chamado na época de o "Molière brasileiro", que abriu o filão da comédia de costumes, o gênero mais característico da tradição cênica brasileira.
Gonçalves de Magalhães, ao voltar da Europa em 1867, introduziu no Brasil a influência romântica, que iria nortear escritores, poetas e dramaturgos.Gonçalves Dias (poeta romântico) é um dos mais representativos autores dessa época, e sua peça Leonor de Mendonça teve altos méritos, sendo até hoje representada. Alguns romancistas, como Machado de Assis, Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar, e poetas como Álvares de Azevedo e Castro Alves, também escreveram peças teatrais no século XIX.
Oswald de Andrade, nos anos 1920
O século XX despontou com um sólido teatro de variedades, mescla do varieté francês e das revistas portuguesas. As companhias estrangeiras continuavam a vir ao Brasil, com suas encenações trágicas e suas óperas bem ao gosto refinado da burguesia. O teatro ainda não recebera as influências dos movimentos modernos que pululavam na Europa desde fins do século anterior.
Os ecos da modernidade chegaram ao teatro brasileiro na obra de Oswald de Andrade, produzida toda na década de 1930, com destaque para O Rei da Vela, só encenada na década de 1960 por José Celso Martinez Corrêa. É a partir da encenação de Vestido de Noiva, de Nélson Rodrigues, que nasce o moderno teatro brasileiro, não somente do ponto-de-vista da dramaturgia, mas também da encenação, e em pleno Estado Novo.
Surgiram grupos e companhias estáveis de repertório. Os mais significativos, a partir da década de 1940, foram: Os Comediantes, o TBC, o Teatro Oficina, o Teatro de Arena, o Teatro dos Sete, a Companhia Celi-Autran-Carrero, entre outros.
Quando tudo parecia ir bem com o teatro brasileiro, a ditadura militar veio impor a censura prévia a autores e encenadores, levando o teatro a um retrocesso produtivo, mas não criativo. Prova disso é que nunca houve tantos dramaturgos atuando simultaneamente.
Com o fim do regime militar, no início da década de 1980, o teatro tentou recobrar seus rumos e estabelecer novas diretrizes. Surgiram grupos e movimentos de estímulo a uma nova dramaturgia.
Gêneros teatrais
Notas
- Aristóteles. Poética. SP:Abril Cultural, in Os Pensadores pg.241-321. Trad Eudoro de Souza
- Aristóteles. Poética de Aristóteles. Edição Trilingue de Valentin Yebra. Madrid: Paidós, 1992.
- Tradução de termos bíblicos Grego-Ingles
- Brockett, Oscar e Hildy, Franklin. History of the Theatre. Allyn & Bacon, 2003.
- Camargo, Robson (2005). O Espetáculo do Melodrama. ECA/USP 2005, tese de doutorado.
- Deal, William E. (2007). Handbook to life in medieval and early modern Japan. Oxford University Press US.
- Guinsburg, J. O Teatro no Gesto in Polímica. SP: 1980.
- Marinis, Marco. Semiótica del Teatro. 1982
- Marcus Mota. Natyasastra: teoria teatral e amplitude da cena. In Dossiê da Revista Fênix - Organização Robson Camargo. Texto integral
- Stanton, Sarah e Banham, Martin (1996). Cambridge paperback guide to theatre. Cambridge University Press, England.
Referências
Ligações externas
Ver também
A HISTÓRIA DO TEATRO NO MUNDO
A HISTÓRIA DO TEATRO NO MUNDO
“TEATRO” A origem desta palavra vêm do Grego “Theátron”. Posteriormente passou para o Latim como Theatru. Esta palavra, quando passou para o português, a vogal “U” foi simplesmente trocada pela vogal “O”. o teatro surgiu no Egito há aproximadamente três mil anos antes de Cristo. Algumas peças começaram a aparecer na Grécia com Homero no período de oitocentos anos antes de Cristo. Quanto a este passado muito distante, pouco se sabe, a maioria dos autores e de seus livros, até nos dão alguma certeza de que o teatro é tão velho quanto a existência do homem.
Provavelmente, em algum momento já nos perguntamos quando o ser humano começou a representar, por que o fez e como teriam sido as primeiras representações. Segundo os estudiosos, os seres humanos tinham necessidades de representar para expressar suas alegrias, tristezas e dúvidas,comunicando-se com os outros e com os deuses, em rituais e celebrações.
Nessas ocasiões (como ocorre ainda hoje em algumas tribos indígenas), era comum as pessoas representarem os animais e seus movimentos, imitarem os fenômenos da Natureza, como os sons do trovão, narrarem as dificuldades sofridas em uma viagem, lembrarem seus antepassados para ensinar aos jovens.
As palavras e os gestos das representações eram aprendidos e memorizados. E assim podiam preservá-los, uma vez que desconheciam a escrita.
Mas a origem do teatro está na Grécia antiga no século VI a.C.. Organizavam-se festivais para celebrar a festividade da Terra na primavera, e os participantes vestiam peles de animais, dançavam e entoavam cânticos repetidos pelos demais. Foi lá que surgiu o teatro tal como o conhecemos hoje: representações com diferentes histórias escritas por autores, nas quais atores interpretam diferentes papéis diante de um público em um local construído especialmente para isso.
Um dos festivais mais famosos da Grécia antiga era realizado em homenagem ao deus Dionísio. Durante seis dias todos os habitantes da cidade se reuniam para julgar a qualidade dos textos encenados e de seus autores. Aplaudiam quando gostavam, protestavam a ponto de interromper a representação, caso não gostassem.
Como surgiram os atores
Foi na Grécia, por volta dos séculos VII a.C., durante a celebração dos festivais dedicados ao deus Dionísio, que o teatro deixou de ser uma cerimônia religiosa e passou a representar peças teatrais. Dionísio era o deus da fertilidade, do vinho e da alegria e, em suas homenagens, organizavam-se cantos, corais e danças sobre um tablado baixo, uma arena chamada theatron, que em grego significa “local onde se vai para ver”.
O nome do hino cantado pelo participantes do coro eraditirambo, e supôe-se que esse cântico narrava a história do deus Dionísio, que veio ao mundo para ensinar aos seres humanos o cultivo da uva e de outros frutos.
Foi mais tarde, por volta do século VI a.C., que surgiram osprotagonista (são atores que interpretam os personagens mais importantes). Eram dois ou três participantes que se destacavam do conjunto do coro, falavam e dialogavam entre si, narrando e interpretando os episódios da história. Dessa forma, surgiu a figura do ator(é a pessoa que representa os personagens de uma peça de teatro, de um filme, de uma novela ou de uma série de televisão).
O primeiro ator e também autor do qual se tem notícia é Téspis que segundo as pesquisas, percorria as cidades em uma carroça e recebeu prêmios por sua interpretação.
Téspis
Cesar de Planeta dos Macacos “a origem
Maclane(Duro de Matar)
Três séculos depois do ator Téspis, a cidade da Atenas havia se tornado a capital do teatro na Grécia. Nesta cidade foram construídos teatros nos sopés dos montes, onde eram representados diferentes tipos de peças.
Os gêneros teatrais
Entre os tipos de peças ou gêneros teatrais na Grécia estão: a tragédia, a comédia e a sátira.
A tragédia era o gênero mais respeitado por ser considerada mais séria e superior. Tratava de temas religiosos e do conflito entre os grandes heróis e heroínas com as leis divinas e o destino. Imaginava-se que assistir à representação das tragédias “purificava” ou “transformava” os espectadores.
A comédia era considerada menos nobre e tratava de assuntos cotidianos. Os autores gregos as escreviam para divertir os espectadores com situações ridículas que se referiam, por vezes, ao comportamento de políticos e pessoas importantes da sociedade grega.
As sátiras, ou dramas satíricos, eram tragédias mais curtas, mas tratadas com humor e ironia.
Durante os festivais, a cada dia um ator apresentava três tragédias e uma comédia. Isso provavelmente porque para os gregos qualquer assunto poderia ser levado a sério ou criticado, mas tudo deveria terminar de um jeito divertido.
São quatro os principais gêneros dramáticos conhecidos:
A tragédia, nascida na Grécia, segue três características: antiga, média e nova. É a representação viva das paixões e dos interesses humanos, tendo por fim a moralização de um povo ou de uma sociedade.
Oresteia Agamênon
Prometeu acorrentado
A comédia representa os ridículos da humanidade ou os maus costumes de uma sociedade e também segue três vertentes: a política, a alegórica e a moral.
Comédia Nova
Comédia( Dionísio)
Comédia de Lisístrata
A tragicomédia é a transição da comédia para o drama. Representa personagens ilustres ou heróis, praticando atos irrisórios.
O drama (melodrama) é representado acompanhado por música. No palco, episódios complicados da vida humana como a dor e a tristeza combinados com o prazer e a alegria.
Peça A Fuga com mostra consumo e conseqüências dramáticas da droga nas famílias
As representações desses tipos de peças constituíam um grande acontecimento. Todos os anos eram organizados festivais em dias fixos, quando quase todos os moradores da cidade e de localidades próximas compareciam. Os cidadãos ricos patrocinavam os festivais, oferecidos para toda comunidade.
Os autores(é a pessoa que escreve uma peça de teatro, o roteiro de um filme, ou o enredo de uma novela ou de um livro)recebiam honrarias e prêmios pelos textos e se tornavam famosos entre seus compatriotas. Também eram muito criticados caso não agradassem ao público. Os mais conhecidos autores de tragédias são Ésquiles, Sófocles e Eurípedes: os mais conhecidos por suas comédias são Aristófanes e Menandro, e Pátrinas foi um grande escritor de sátiras.
Essas peças escritas há 2500 anos são representadas até hoje. Elas tratam dos sentimentos mais profundos dos seres humanos, que não mudaram desde a Grécia antiga, como, por exemplo, o amor, o ódio, o ciúme e a inveja.
O texto teatral
Em uma peça de teatro, as falas dos personagens aparecem escritas em forma de diálogos que chamamos de texto. Ele contém também algumas indicações cênicas sobre como os personagens têm de falar, os movimentos e gestos dos atores, como devem estar vestidos ou maquiados.
Quando em uma parte ou na totalidade de um texto teatral há um único ator representando um ou mais personagens, dizemos que se trata de um monólogo.
Alguns textos de teatro só trazem uma indicação sobre o enredo ou uma breve sinopse(é o resumo que mostra somente os momentos principais do enredo). Outros textos são como um resumo no qual só se assinala a ordem das cenas e das entradas dos personagens. Nestes casos, para desenvolver o enredo, utiliza-se a improvisação.
O teatro no Brasil
No Brasil, o teatro tem sua origem com as representações de catequização dos índios. As peças eram escritas com intenções didáticas, procurando sempre encontrar meios de traduzir a crença cristã para a cultura indígena. Uma origem do teatro no Brasil se deveu à Companhia de Jesus, ordem que se encarregou da expansão da crença pelos países colonizados. Os autores do teatro nesse período foram o Padre José de Anchieta e o Padre Antônio Vieira. As representações eram realizadas com grande carga dramática e com alguns efeitos cênicos, para a maior efetividade da lição de religiosidade que as representações cênicas procuravam inculcar nas mentes aborígines. O teatro no Brasil, neste período, estava sob grande influência-do-barroco-europeu.
Peça teatral “Raimunda Pinto sim senhor”
Peça teatral “Macunaíma”
Teatro musical
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
The Black Crook (1866), considerado por alguns historiadores o primeiro musical.
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Teatro musical é uma forma de teatro que combina música, canções, dança, e diálogos falados. Esta delimitada por um lado pela sua co-relação com a ópera e por outro pelo cabaré, os três apresentam estilos diferentes, mas suas linhas delimitantes muitas vezes são difíceis de conceituar.
Existem três componentes para um musical: a música, interpretação teatral e o enredo. O enredo de um musical refere-se a parte falada (não cantada) da peça; entretanto, o "enredo" pode também se referir a parte dramática do espetáculo. Interpretação teatral se relaciona as performances de dança, encenação e canto. A música e a letra juntas formam o escopo do musical; as letras e o enredo são freqüentemente impressos como um libreto.
O teatro musical no mundo tem sinônimos como Teatro de Revista (Brasil), Comédie musicale (França).
É muito comum ao teatro musical que os trabalhos que tenham sucesso sejam usados no cinema ou adaptados para televisão. Por outro lado alguns programas populares de televisão tem um ou outro episódio ao estilo de um musical como uma peça dentro de seu formato normal(exemplos incluem episódios de Fama,Ally McBeal, Buffy the Vampire Slayer's no episódio Once More with Feeling, Oz's Variety. Se percebe facilmente isso quando repentinamente os personagens começam a cantar e dançar como se estivessem em um teatro musical durante o episódio, outros exemplos em animação são os episódios de The Simpsons, South Park e Family Guy) -- a série televisiva Cop Rock, onde são extensamente usados os formatos musicais, não foi um sucesso.
Mesmo o teatro musical esteja espalhado pelo mundo todo, suas produções são elaboradas muito freqüentemente na Broadway em New York, no West End em Londres, e na França.
Um musical pode durar uns poucos minutos ou varias horas; entretanto, os mais populares musicais duram de duas horas à duas horas e quarenta e cinco minutos. Musicais hoje são normalmente apresentados com um intervalos de quinze minutos de duração; no primeiro ato, é quase sempre de idêntica duração o segundo. Um musical tem normalmente por volta de vinte a trinta canções de vários tamanhos (incluindo uma reprise e adaptação para coral) entre as cenas com diálogos. Alguns musicais , entretanto, tem cançoes entrelaçadas e não tem diálogos falados. Esta é uma das linhas fronteiriças entre musicais e ópera, mas não é a única.
Outras diferenças entre ópera e musical é que enquanto a ópera costuma ser apresentada em sua língua original, o musical geralmente é traduzido para a língua nativa de onde está sendo apresentado. Numa ópera geralmente o elenco se divide entre cantores, atores e bailarinos, enquanto que, no musical, cada artista deve executar as três funções.
Um momento de grande emoção dramática é freqüentemente encenado numa canção. Proverbialmente, "quando a emoção torna-se tão forte no discurso, você canta; quando ela se torna tão forte na canção, você dança." Uma canção deve ser adaptada ao personagem (ou personagens) e na sua situação dentro do enredo. Um show normalmente se abre com uma canção que dá o tom ao musical, introduz de alguma forma os personagens principais, e mostra o enfoque da peça. Dentro da concentrada natureza do musical, os autores devem desenvolver os personagens e o planejamento.
A música apresenta uma forma excelente de expressar a emoção. Entretanto, na média, poucas palavras são cantadas nestes cinco minutos de canção. Portanto existe pouco tempo para desenvolver o drama que transcorre durante a peça, desde que um musical pode ter uma hora e meia ou mais de música.
O time de colaboradores de um Musical
O teatro Musical é um trabalho colaborativo com uma longa tradição histórica tanto nos tratados como na estrutura, embora novos autores dos musicais tentem flexionar esta forma de expressão os autores tem de demorar 5 anos para fazer
Existem normalmente vários autores em um musical. São poucos os musicais que foram escritos por apenas uma pessoa. Uma parceria de colaboradores compositores (Music), letristas(Lyric) e escritores (Book) são gerenciados, por um compositor/letrista, letrista/escritor (também conhecidos como letristas) ou por fim de um escritor/compositor. Podem haver muitos escritores, letristas e compositores em um musical.
Não existe uma resposta fácil para a constante dúvida sobre o teatro musical: "O que vem primeiro a letra ou música?" Cada colaborador trabalha de uma forma diferente, e tende a ser único em sua forma de trabalhar. Às vezes um melodia inspira uma letra. Às vezes uma letra inspira uma melodia. Entretanto, a maior inspiração para todos os autores é movida pelo tema da história principal apresentada no show.
A idéia inicial para um novo musical pode vir dos próprios autores, ou eles podem ter sido contratados para escreverem um musical sobre um assunto especifico. O teatro musical tem uma longa tradição de adaptar livros e outros materiais para este gênero.
A história
Referências
Bibliografia
Ver também
Ligações externas
História do teatro musical no Brasil
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História do teatro musical no Brasil, se originou do teatro de revista, que se tornou um gênero popular no Brasil a partir do final do século XIX.
História
O teatro musical no Brasil se originou, mais precisamente, por volta de 1859, com a fundação do Alcazar Lírico por artistas franceses, no Teatro Ginásio do Rio de Janeiro. O espetáculo chamou-se As Surpresas do Sr. José da Piedade, de Justiniano de Figueiredo Novaes.
Inovando as peças teatrais, transformando-as em operetas e ações curtas, todas de caráter satírico de inspiração francesa, o teatro musicado tornou mais acessível o teatro ao grande público.
Composto de diversas influências, nascia assim o teatro de revista brasileiro, gênero de espetáculo característico do Rio de Janeiro. Nesta primeira fase, a revista não exigia uma linha narrativa, embora o modelo que aqui chegou exigia o compère e a commère. O casal de cantores e bailarinos deviam serguir a regra de ela ser obrigatoriamente elegante e bonita, e ele alegre e malandro, colocando um toque de sátira em cada frase e em cada nova seqüência do espetáculo.
Uma das grandes compositoras do teatro de revista brasileiro foi Chiquinha Gonzaga. O teatro representou para ela a conquista de um público maior e o reconhecimento como compositorae um retorno financeiro seguro. Em 1880, ela escreveu um libreto e tentou musicá-lo, o que acabou como uma peça de costumes, Festa de São João. Somente em 1885 conseguiu estrear como a maestro em parceria com Palhares Ribeiro, compondo a opereta em um ato A Corte na Roça. Aos poucos seu nome foi se firmando no meio teatral carioca, participando de vários espetáculos como compositora e regente: A Filha de Guedes (1885), O Bilontra e a Mulher-Homem (1886); O maxixe na Cidade Nova (1886); O Zé Caipira (1887).
Outro escritor do teatro de revista foi Arthur Azevedo. Sua primeira peça foi O Rio, de 1877, que de forma humorística mostrava os principais acontecimentos políticos e sociais do Brasil.
Carlos Gomes também musicou peças e revistas teatrais.
Em 1887, com a apresentação da revista La gran via, encenada por uma companhia espanhola, o teatro musicado brasileiro sofreu uma transformação com a descoberta de números musicais cantados por coristas em movimento.
Arthur Azevedo, em uma de suas revistas intitulada Fantasia (1896), apresenta a seguinte definição para o gênero:
"Pimenta sim, muita pimenta E quatro, ou cinco, ou seis lundus, Chalaças velhas, bolorentas, Pernas à mostra e seios nus..."
O teatro de revista brasileiro se caracterizou como um veículo de difusão de modos e costumes, um retrato sociológico da época, com peças alegres, falas irônicas e de duplo sentido, e finalmente canções "apimentadas" e hinos picarescos, gênero do qual Arthur Azevedo mais se apropriou para criar os enredos de suas peças de teatro de revista.
Com ele se se deu o apogeu das paródias burletas do teatro. A linguagem é marcada pela valorização do texto em relação à encenação e a dança, com uma crítica de costumes apimentada e cheia de versos e personagens alegóricos. Nas revistas apresentadas ao início de cada ano, apresentava-se o resumo cômico do ano anterior, as cenas curtas eram representadas por um grupo de personagens que falavam sobre os acontecimentos reais enquanto andavam pelas ruas do Rio de Janeiro, os teatros, o jóquei ou mesmo na imprensa, à procura de alguma coisa que revelasse o humor.
Outra influência foi de Luiz Carlos Peixoto de Castro, que estreou em 1917 como cenógrafo na revista Três pancadas. Em 1918, fez outra revista de sucesso, a Flor do Catumbi, com Carlos Bittencourt, e músicas de Júlio Cristóbal e Enrique Sánchez.
Viajou para Paris na década de 1920, onde trabalhou e trouxe novas idéias, quando do retorno ao Brasil, idéias que revolucionaram o teatro de revista no Rio, com o desnudar do corpo feminino, despindo-o das grossas meias que até então eram a base do espetáculo, mostrando partes do corpo feminino, que passam a ser mais valorizadas em danças, quadros musicais, etc.
Surge o elemento cenográfico se contrapondo ao elemento coreográfico. Jardel Jércolis substituiu a orquestra de cordas pela banda de jazz e a performance física do maestro passa a fazer parte do espetáculo, demonstrando a influência dos ritmos americanos.
Pascoal Segreto fundou, na mesma época, a Companhia Nacional de Revistas e Burletas, com a Companhia Ba-ta-clan no Teatro São José, na Praça Tiradentes. Firmou-se o gênero de revista musical de costumes, entre 1923 e 1925 e, com ele, Luiz Carlos Peixoto de Castro, que além de escrever para o teatro, foi diretor artístico, cenógrafo e figurinista da Companhia de Teatro São José, e diretor artístico da Companhia Tangará, no Cine-Teatro Glória e, em 1924, estreou a revista Secos e molhados, em parceria com Marques Porto.
Outra companhia foi o Teatro Recreio (1924), de Manoel Pinto, que iniciou um período de grandes espetáculos, abrigando autores e atores próprios. Em seguida, transferiu-se para o Teatro João Caetano, na Praça Tiradentes, como Companhia de Revistas Margarida Max. Nessa segunda fase, a revista é movida por grandes nomes que levam o público ao teatro. É uma fase em que a revista se equilibra entre quadros cômicos e de crítica política, e os números musicais e de fantasia.
Em 1926, Luiz Carlos Peixoto de Castro escreveu com Marques Porto] a revista Prestes a chegar, que alcançou grande sucesso, com músicas de Júlio Cristóbal e Pedro Sá Pereira. Em1927, a mesma dupla escreveu a revista Paulista de Macaé. No mesmo ano, fundou, juntamente com Hekel Tavares, Álvaro Moreyra e Joraci Camargo, o Teatro de Brinquedo, no subsolo do Cassino Beira-Mar.
Em 1928, Luiz Carlos Peixoto de Castro apresentou, entre outras, a revista Miss Brasil,, na qual foi lançado o samba canção Ai, Ioiô, parceria com Henrique Vogeler, na voz de Aracy Cortes, e que se tornou rapidamente um grande sucesso e um clássico da MPB, regravada entre outras por Odete Amaral, Ângela Maria, Isaura Garcia, Dalva de Oliveira, Elizeth Cardoso, Maria Bethânia e Tetê Espíndola.
Em 1937, Luiz Carlos Peixoto de Castro escreveu com Gilberto de Andrade a revista Quem vem lá, com músicas de Ary Barroso e Assis Valente. E, em 1941, escreveu com Freire Jr. a revista Brasil pandeiro, com músicas de Assis Valente e a participação, entre outros, da atriz Alda Garrido e da dupla Jararaca e Ratinho.
Em 1945, escreveu com Geysa Bóscoli e Paulo Orlando, Canta Brasil, em homenagem à tomada de Monte Castelo pelos pracinhas brasileiros na Itália, levada à cena no Teatro Recreio, com músicas entre outros de Ary Barroso, Sá Pereira e Alcyr Pires Vermelho.
Em 1946, ele foi um dos fundadores da SBAT (Sociedade Brasileira dos Artistas Teatrais), que lutava pela melhora evida dos profissionais do ramo, tendo sido diretor e conselheiro por várias vezes.
Em 1947, lançou O que eu quero é rosetá, com Geysa Boscoli, estreada no Teatro Carlos Gomes e que contou com as presenças de Emilinha Borba e Jorge Veiga.
A terceira fase do teatro de revista se deve à gestão de Walter Pinto, à frente dos negócios do pai, que falece em 1938. Sua companhia substitui o interesse dos primeiros atores pela credibilidade da empresa na produção de grandes espetáculos, em que um elenco formado por numerosos artistas se revezam em cada temporada. A direção investe na ênfase à fantasia, por meio do luxo, de grandes coreografias, cenários e figurinos suntuosos. A maquinaria, a luz e os efeitos equivalem ao intérprete em importância. Mas, aos poucos, a revista começa a apelar fortemente para o escracho, para o nu explícito, em detrimento de um de seus alicerces: a comicidade, e, assim, entra em um período de decadência, praticamente desaparecendo na década de 60.
A pesquisadora Neyde Veneziano assim resume a importância do teatro de revista brasileiro: "Ao se falar em teatro de revista, que nos venham as idéias de vedetes, de bananas, de tropicália, de irreverência e, principalmente, de humor e de música, muita música. Mas que venha também a consciência de um teatro que contribuiu para a nossa descolonização cultural, que fixou nossos tipos, nossos costumes, nosso modo genuíno do 'falar à brasileira'. Pode-se dizer, sem muito exagero, que a revista foi o prisma em que se refletiram as nossas formas de divertimento, a música, a dança, o carnaval, a folia, integrando-os com os gostos e os costumes de toda uma sociedade bem como as várias faces do anedotário nacional combinadas ao (antigo) sonho popular de que Deus é brasileiro e de que o Brasil é o melhor país que há."
O público
Importante ressaltar que o teatro de revista visava a agradar a diferentes segmentos da sociedade,mas seu foco era a pequena burguesia. Os elementos que a caracterizam são demonstrativos disso. A forma popular de representação abrangia a ópera-cômica, a opereta, o vandeville (interpretação de canções curtas, ligeiras e satíricas) e a revista.
Músicas
O teatro foi sempre um porto seguro para os mais importantes compositores do nosso país. Por ele passaram Chiquinha Gonzaga, Carlos Gomes, Ary Barroso, Assis Valente,Tom Jobim, etc.
Os autores sempre usaram a música para dar um carater ludico aos comentários sobre a realidade cotidiana tornando mais eficiente a transmissão das mensagens.
Além disso, destacavam-se como elementos composicionais de uma revista o texto em verso, a presença da opereta(da comédia musicada), o fandango, o samba, e em tempos modernos a bossa nova.
Destacam-se:
No Tabuleiro da Baiana Tem, Cantoras do Rádio, Taí, Sassaricando, Bandeira Branca, Meu Ébano, Meu Coração Faz Tica Tica Bum.
Dança, coreografia e cenografia
A questão visual era uma grande preocupação, a coreografia foi em peças deste gênero, pois fazia-se necessário manter o "clima" alegre, descontraído, ao mesmo tempo em que se revelava, em última instância, a hipocrisia da sociedade. Para isso, os cenários criados eram fantasiados e multicoloridos, a fim de apresentar uma realidade superdimensionada. O corpo, neste contexto, era muito valorizado, fosse pelo uso de roupas exóticas, pelo desnudamento opulento ou pelas bostinhas.
Referências
- Anuário da Casa dos Artistas, 1978
- O teatro através da história. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 1994.
Ver também
Ligações externas
Teatro de Revista